Sem muitas chances no time titular, Cuéllar e Mancuello reapareceram no empate por 1 a 1 com o Atlético-PR, neste domingo, em Curitiba. Mas suas situações no elenco do Flamengo não devem mudar. Apesar de o colombiano ter atuado de forma segura, com direito a nenhum erro de passe dentre 53 tentados, o Rubro-Negro já conversa com o Vitória, que deseja tirá-lo da Gávea. Falta a proposta oficial dos baianos, e o Fla não aceita emprestá-lo sem receber uma compensação.
Já Mancu, que perdeu espaço recentemente, certamente terá ainda menos oportunidades com a iminente chegada de Everton Ribeiro, o retorno de Diego e a estreia de Conca.
O Vitória quer Cuéllar por um ano. Petkovic, técnico e diretor de futebol do Leão, gosta do colombiano e aposta em sua boa relação com Rodrigo Caetano para concluir a transferência. O Flamengo, porém, não vai facilitar na questão financeira. Em janeiro, tentou contratar o meia-atacante Marinho, mas os baianos só aceitavam liberá-lo mediante a pagamento da multa.
Cuéllar, de 24 anos, só teve regularidade quando Muricy Ramalho era o treinador. Zé Ricardo não lhe deu muitas chances. O gringo se sente satisfeito por defender o Flamengo, mas deseja jogar com maior frequência e acredita que uma saída possa beneficiá-lo. Seus representantes também veem a operação com bons olhos, e o próprio Fla também quer voltar a colocar na vitrine um ativo que pode lhe gerar retorno e que, diante das poucas oportunidades, acabou perdendo valor de mercado.
Atualmente acumulando a função de vice de futebol, o presidente Eduardo Bandeira de Mello, que geralmente não gosta de comentar negociações, tratou como compreensível o interesse do Vitória em Cuéllar, mas não deu qualquer tipo de panorama a respeito.
- Eu vi a notícia. Mas não me surpreende. Porque todo grande jogador interessa grandes clubes. Imagino que não só o Vitória como outros tenham interesse no Cuéllar. O que vai acontecer vai depender de negociações que o Rodrigo Caetano vai tocar. Mas é um jogador que temos toda confiança e eu, particularmente, gostaria que ele ficasse - disse o mandatário.
Mancuello é visto como chance de fazer caixa
Mancuello marcou o gol do empate por 1 a 1 com o Atlético-PR. Embora não tenha sido muito participativo, finalizou três vezes e mostrou o bom poder que tem na bola parada, gerando perigo em escanteios. Em um ano e meio de Flamengo, não cumpriu a expectativa colocada sobre si. Tem 59 jogos e nove gols marcados, mas uma trajetória rubro-negra pautada por altos e baixos. Custou caro – cerca de R$ 12 milhões -, e o clube, que está perto de anunciar Everton Ribeiro e busca um zagueiro (Rhodolfo é um dos que interessa), pretende negociá-lo para fazer caixa.
O empresário de Mancuello pretendia vir ao Rio de Janeiro na semana passada, mas a viagem de Rodrigo Caetano aos Emirados Árabes para negociar Everton Ribeiro adiou tais planos.
Mancu garante não estar insatisfeito no Rubro-Negro, mas existe a intenção de conseguir boas cifras com uma eventual transação. Clubes do México, como Monterrey e América-MEX, que são fortes no mercado, manifestaram interesse no atleta no início do ano.
Recentemente, Mancuello foi preterido em partidas importantes, como no segundo jogo da final do Carioca, por opção de Zé Ricardo, e na fatídica eliminação da Libertadores, diante do San Lorenzo. Mancu alega que foi uma decisão tomada em conjunto com um dos preparadores físicos e que estava há cinco dias sem treinar. Mas ele trabalhou com desenvoltura em 15 de maio, quando o grupo viajou para Buenos Aires, e também havia ido a campo na véspera do duelo com o Atlético-MG, confronto anterior ao com os argentinos.
- Eu estava há cinco dias sem treinar, e o preparador físico falou que era melhor ficar no Rio treinando. Porque na Argentina não ia treinar segunda, terça nem quarta. E que na quinta também não ia treinar por causa da viagem. Que era melhor ficar no Rio. Foi uma coisa combinada - afirmou Mancu, após o empate com o Furacão.
Questionado se o gol marcado contra o Furacão muda sua situação no elenco, disse que não e recorreu a números.
- Não muda nada. No Carioca fui o jogador que mais jogou, com 14. E depois na Libertadores, por conta de uma lesão no joelho, acabei não viajando.
FLAMENGO PECA EM DUELOS NA DEFESA E POR NÃO SER INCISIVO NO ATAQUE
Se algo ficou claro no duelo da Arena da Baixada é que o futebol não oferece garantias. Porque de um primeiro tempo desencontrado, em que produziu muito pouco e cedeu várias oportunidades ao rival, o Flamengo saiu com a vitória parcial. E de um segundo tempo em que melhorou em alguns aspectos do jogo, saiu com o gol sofrido e o empate em 1 a 1. No balanço final, entre chances criadas e perdidas, o Atlético-PR as teve em número maior, embora Guerrero tenha tido excelente ocasião no fim.
O que faltou em quase todo o jogo foi a capacidade de agredir, ser incisivo, incomodar o goleiro adversário. É algo característico deste Flamengo em passagens da temporada. Ontem, faltou jogo no primeiro tempo para que o time pudesse produzir oportunidades reais. No segundo tempo, com mais trocas de passes e capacidade de levar a bola da defesa ao ataque, faltou penetração, profundidade. Algo que melhorou sensivelmente com as entradas de Lucas Paquetá e Vinícius Junior.
Quanto ao jovem futuro jogador do Real Madrid, ainda é impossível olhar para ele no campo e ver um atleta de R$ 164 milhões. Até porque, se fosse possível, estaríamos diante de um fenômeno único. Por enquanto, aporta ao time a tentativa de driblar, rara no Flamengo atual. Evoluiu, embora seja natural que ainda tenha índice alto de perdas de bola. Talvez lhe falte um grande acerto para aumentar a confiança.
Os desfalques também atrapalham a questão ofensiva. Alguns são menos previsíveis, como Gabriel, Diego e Berrío. Quanto a Éverton e Ederson, é possível discutir se a formação do elenco deveria levar em conta o histórico de ambos, com ausências recorrentes.
NOVIDADE NO MEIO-CAMPO
Diante do quadro, Zé Ricardo tentou neste domingo uma formação com Cuéllar, novidade na escalação, junto a Márcio Araújo na dupla de volantes. O trio de meias tinha Willian Arão pela direita, Mancuello pelo meio e Matheus Sávio na esquerda. Como Mancuello já iniciava as jogadas muito adiantado, o Flamengo colecionava minutos de posse de bola entre seus zagueiros e volantes, sem opção de passe à frente. Vaz e Réver erraram muito no combate e nas saídas de bola, assim como Márcio Araújo, que fez péssimo jogo. Mas não era fácil sair jogando nestas condições. Cuéllar mostrou melhor aproveitamento, talvez mereça mais minutos.
O único momento em que o jogo fluiu foi quando Arão tentou se colocar pelo meio, recebeu de Rafael Vaz e iniciou o lance do gol de Mancuello, aos 25 minutos. Fora isso, o primeiro tempo era do Atlético-PR. Grafite e Nikão acertaram as traves, Muralha evitou evitou duas grandes ocasiões e Pablo também andou assustando. Lucro enorme para o Flamengo ao intervalo.
Na volta, Mancuello mais próximo aos volantes e Arão se movendo para ser opção de passes davam mais fluência ao time. O Flamengo tinha a bola progredindo pelo campo. Mas chutava pouco. E seguia perdendo duelos defensivos. Vaz, que fora batido por Grafite no primeiro tempo, perdeu para Thiago Heleno pelo alto aos dez da segunda etapa no gol que decretou o 1 a 1. As chances do Flamengo vieram só depois das trocas. Por exemplo, quando Paquetá tentou o lance individual, vertical, e Guerrero falhou a dois minutos do fim.